De acordo com um grupo de pesquisadores, Marte pode ter água em estado líquido nas proximidades da superfície.
Agora, o robô Curiosity, da Nasa, que explora a superfície do planeta vermelho desde 2012, encontrou no solo uma substância conhecida como perclorato, que reduz o ponto de congelamento da água. Com isso, em vez de se solidificar, ela mantém-se líquida e extremamente salgada, como uma salmoura.
Os novos dados enviados pelo Curiosity foram publicados nesta segunda-feira, 13, na revista científica Nature. O Curiosity explora a grande cratera de Gale, localizada ao sul do equador marciano. A cratera tem 154 quilômetros de diâmetro e a borda tem em média 5 quilômetros de altura.
Em dois anos e meio, o robô explorou uma extensão de mais de 10 quilômetros, chegando até o Monte Sharp, localizado no meio da cratera. "Descobrimos perclorato de cálcio no sódio e, sob as condições certas, essa substância absorve o vapor de água da atmosfera", disse um dos autores do artigo, Morten Bo Madsen, do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhague (Dinamarca).
Segundo ele, as medições feitas pela estação de monitoramento meteorológico do robô Curiosity mostram que essas condições existem à noite e, durante o inverno, também logo após o nascer do Sol. Com base em medições de umidade e de temperatura, feitas a 1,6 metro da superfície do planeta, os cientistas conseguiram estimar a quantidade de água que é absorvida pelo solo.
"Quando a noite cai em Marte, parte do vapor de água na atmosfera se condensa na superfície do planeta, como uma geada. Mas o perclorato de cálcio é muito 'absorsivo' e forma uma salmoura com a água. Assim, o ponto de congelamento é reduzido e a geada se torna líquida", explicou Madsen. De acordo com ele, como o solo é poroso, a água escoa para o subsolo.
Observações feitas pela câmera estéreo do robô já haviam mostrado áreas que tinham as características de antigos leitos de rio, com seixos arredondados - o que indica claramente que há muito tempo havia líquido correndo por ali, formando correntes com profundidades de até um metro.
Agora, as novas imagens feitas pelo robô mostram que, em todo seu caminho até o Monte Sharp, há extensos depósitos sedimentários, amontoados como "placas". "Esse tipo de depósito se formou quando grandes quantidades de água fluíram pelas encostas da cratera, encontrando-se com água estagnada na forma de um lago", disse ele.
O material sólido carregado pelos cursos de água se depositou lentamente no fundo dos lagos, formando as placas sedimentárias encontradas em todo o território da viagem até o Monte Sharp, segundo Madsen. "As placas formadas no fundo dos lagos estão niveladas, indicando que toda a cratera Gale pode ter sido um imenso lago", declarou.
Segundo Madsen, há cerca de 4,5 bilhões de anos, Marte tinha seis vezes e meia mais água que agora e possuía uma atmosfera mais espessa. Mas a maior parte dessa água desapareceu no espaço, porque o planeta não tem mais um campo magnético global, como o que existe na Terra.
Correntes de ferro líquido no interior da Terra geram campos magnéticos que funcionam como um escudo, protegendo o planeta da radiação cósmica. O campo magnético protege a atmosfera da Terra contra a degradação de partículas solares de alta energia. Mas Marte não tem mais um campo magnético como esse, capaz de proteger sua atmosfera da radiação solar.
Com isso, partículas do Sol eliminam, pouco a pouco, a atmosfera do planeta. Embora a água líquida tenha sido encontrada, os cientistas acreditam que a vida em Marte é improvável: o planeta é seco e gelado demais e a radiação cósmica é tão poderosa que penetra até um metro no solo, acabando com toda a vida que pudesse haver ali.
Por Fábio de Castro - São Paulo
Via EmResumo
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